Família viaja o mundo há dois anos e meio e não pretende parar tão cedo
Em uma tarde de verão australiano, o casal Alyson, 49, e James Long, 38, estava conversando sobre a vida. Até que uma ideia um tanto ousada lhes ocorreu: por que não sair pelo mundo viajando?
Não seria tão diferente, não fosse por uma peculiaridade: eles têm dois filhos pequenos e iriam levar as crianças juntas. Isso era junho de 2012. Um ano depois de passarem horas daquela tarde planejando a viagem, os ingleses Alyson, James, D, 11, e Boo, 9, (como eles chamam os dois filhos) saíam de mala e cuia rumo ao mundo. Não sem antes enfrentar a resistência de amigos e parentes, que duvidavam que a ideia fosse para a frente.
Venderam praticamente tudo o que possuíam e juntaram dinheiro suficiente para dar início à empreitada. Sobre as constantes perguntas "se não é perigoso sair viajando com crianças", dão sempre a mesma resposta. "Perigo existe em qualquer lugar, em qualquer país. Podíamos tranquilamente sofrer um acidente mesmo estando em Londres", diz Alyson.
D, irmão o mais velho, reclama um pouco da rotina nômade. Ele Não gosta nem um pouco de ter que ficar carregando malas para lá e para cá.
"É um pouco cansativo. Mas eu gosto de viver em vários lugares. É divertido morar em hotéis e apartamentos. Em casa tem que cozinhar e limpar o quarto."
Roteiro
Dois anos e meio depois de decidir pelo nomadismo, a família já esteve em Malásia, Tailândia, Laos, Camboja, Índia, Sri Lanka, Nepal, Inglaterra, País de Gales, Espanha, Itália, Romênia, República Tcheca, Turquia, Estados Unidos, Canadá, Guatemala, El Salvador e África do Sul, num total de 19 países –atualmente encontram-se na Romênia, país escolhido puramente por uma oferta de trabalho.
Apesar de não temerem tanto os riscos, redobram a atenção no dia a dia por estarem com os filhos. Na Austrália, por exemplo, deixaram as crianças longe da natureza, para evitar contato com mosquitos responsáveis pelo surto de dengue pelo qual o país estava passando. Na Índia, não pegavam carona em qualquer tuk-tuk (aqueles triciclos famosos na Ásia), com medo dos acidentes de trânsito.
Dinheiro
Para manter a família, uma das principais fontes de renda é a publicidade no blog "World Travel Family" (Família Viajante do Mundo, em tradução livre), que possui mais de 100 mil visualizações de páginas por mês. O pai James, que é chef de cozinha, trabalha alguns meses do ano em hotéis de Londres para ajudar com a conta bancária.
As crianças não vão à escola –os próprios pais deles se transformam em professores (em inglês, o nome disso é "homeschooling", ou estudo em casa). "Penso que é mais fácil aprender em casa. Minhas matérias preferidas são matemática e ciências. Gosto de fazer experimentos e de cozinhar", conta Boo.
O assunto "até quando vai durar isso" já esteve em pauta algumas vezes na família viajante. Consideraram voltar à Austrália, onde moravam antes da saga, mas viajar de lá para outros países do mundo é muito longe.
Todos amam Londres: no entanto, os preços excessivamente caros afastam a ideia –o pai teria que trabalhar por muito tempo para conseguir bancar a família na terra da rainha, e as crianças mal conseguiriam passar um tempo com ele.
"Só faz sentido continuar viajando. Se é o que nós gostamos, por que parar?", diz a mãe.
Fonte: Folha de São Paulo